A decisão de mudança no
protocolo no atendimento às pessoas com a covid-19 para que seja fornecida a Cloroquina
logo no início do tratamento, diferente do que vinha sendo praticado nos casos
mais graves soa como um escárnio. O movimento do presidente dentro do
Ministério da Saúde, para que seu desejo fosse atendido é particularmente perverso,
porque coloca a vida da população em grave risco por não ter comprovação
científica de que a droga seja eficiente para todos, como as vacinas por
exemplo.
Bolsonaro se vale de uma
artimanha muito ardilosa: já que um médico não poderia assinar a mudança no
protocolo ele mantem o general Eduardo Pazzuelo- que não é médico- para fazer o
trabalho sujo.
Ao se sujeitar nesse papel, o general também franqueia a entrada do Exército ao cercadinho bolsonarista que
canta “Cloroquina de Jesus” toda manhã no chiqueirinho governamental. Uma vez
dentro do cercado, claramente fica comprometida sua condição de garantidora da
democracia.
Embora muitos entendam que
não haja “clima” para um impedimento de Bolsonaro, acredita-se que por um dever
moral se deva pedir sim. Mesmo que perca. O que não se pode é deixar um
presidente tresloucado e deslocado da realidade destruir o que tantas pessoas
lutaram para preservar.
Pedir o impedimento do
presidente é optar pela decência. Entender o que vem sendo dito e praticado por
ele como arroubos e franqueza é flertar com o autoritarismo.
Nos Estados Unidos, os
democratas da Câmara americana mesmo sem chance, por ser minoria, e sabendo que
iriam perder no Senado, aceitaram um processo de impeachment de Donald Trump.
Neste momento não mais
importa se você é de direita e toma Cloroquina, ou de esquerda e toma tubaína. O Brasil está doente, contaminado pelo coronavírus
e pela ignorância que habita o Planalto.
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