sábado, 27 de junho de 2020

Entre anjos e mamatas. Histórias e estórias.

Com o devido respeito pedirei emprestado personagem de um grande escritor para dizer que nada é o bastante que não possa ser superado: Baudolino de Alexandria “o maior mentiroso do mundo”, de Umberto Eco, acaba ou está bem perto de perder essa posição para o até então advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. O “Anjo”, como foi apelidado pela Polícia Federal, enrolado na teia de mentiras, está mais para estúpido que cupido e já figura como a pessoa mais notória desse enlace entre Fabrício Queiroz e o presidente Bolsonaro.

No romance de Eco, Baudolino relata seus feitos a um historiador; enfrentou figuras míticas, lugares fantásticos. Já Wassef prefere tentar enrolar a imprensa com estórias tão ou mais mirabolantes que nosso doce personagem. A ponto de sequer entender ironia de uma repórter ao ser perguntado se Queiroz chegou voando ao falso escritório em Atibaia, no interior de São Paulo.

Já foram diferentes versões, a última é que Queiroz poderia ser executado para que a culpa recaísse sobre a família Bolsonaro, os isentam mesmo sem ser perguntado. Assim, de chofre. Cada vez que abre a boca, parece mais um promotor que advogado de defesa. Em outra versão, como um Anjo da Guarda a socorrer um pobre moribundo, Wassef se apiedou de Queiroz. 

Mas se mostrou um anjo relapso. Imagina se um competente enviado por Deus deixaria um homem gravemente doente num lugar ermo e sem qualquer segurança, já que afirmara que até um escoteiro prenderia Queiroz, não precisando de todo aparato policial.

Na verdade, ele tenta salvar um presidente cada vez mais enrolado. Não adianta desembargador amigo. Porque há entendimento sobre a questão no Supremo, quando chegar lá, o caso Flávio volta para a primeira instância. Queiroz fez com Flávio, o que sempre fez com Bolsonaro. O senador era menino e Queiroz já operava para Jair Bolsonaro. Queiroz foi indicado por Jair ao filho. Denota-se que Queiroz é Jair, não Flávio.

A realidade se mostra tóxica no entorno de Jair Bolsonaro, porque a toxidade exala dele. Esta semana, aqui no Rio, tivemos uma apoiadora dele e da “nova política”, mas atrelada a velhos hábitos escorregar feio. Risível a deputada Alana Passos tentar explicar como uma pessoa nomeada por ela na Alerj exercia trabalho de faxineira na casa dela. Ao microfone, de onde tantas vezes criticou a mamata dos outros, deu a prosaica desculpa “Eu sigo as regras da Casa”, esquecendo-se que fora eleita para contestar a regra da Casa.

 Nesse caso, nunca saberemos se foi ato falho ou ironia da deputada. Lamento, Eco. Mas os bolsonaristas superaram Baudolino.

 


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