Glauco, case com a minha filha

 O sonho de qualquer pai de menina é que a filha encontre alguém que a respeite em todos os sentidos; que esse homem seja bom pai para os netos dele. Uma versão, talvez paternalista e enviesada de “A casa e a rua” de Roberto da Matta.  Que trata do comportamento distintos de uma mesma pessoa dentro de casa e, fora dela, na rua. Senhor de respeito dentro de casa, mas de conduta reprovável no espaço público. O cidadão parece que quer o mesmo para a cidade onde habita.

A prefeitura promete realizar um tour com a imprensa. É possível e até provável que durante a inspeção seja detectado muitas inconformidades. Aliás, foram 12 anos de um mesmo grupo no poder. A acomodação cria limo. Afinal, em frase atribuída a Eça de Queiroz “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo.”

O administrador deve tomar pé da situação, que já deveria ter sido feito na transição. Reprovável chamar a imprensa, correto seria chamar a polícia e processar todos os responsáveis por tamanha degradação, caso seja constatado. Não adianta chutar cachorro morto.

O que a população supunha, parece está sendo certificado: a eleição foi ganha no susto. Levar a imprensa para constatar parece mais marketing eleitoral, que ação de governo. É jogar pra galera. Governe prefeito, a eleição acabou. Profissionalize a gestão. Não pode uma autoridade visitar a cidade e os demais ter acesso apenas pelas suas redes sociais. Enquanto tem um site enorme em desuso.

A cidade está largada. A população espera apenas um gesto. Incentivo esse, que os moradores do bairro Inconfidência não puderam esperar devido à urgência. Arregaçaram as mangas com ajuda de comerciantes locais, artistas e voluntários. Transformaram um local totalmente insalubre na rua Alvarenga Peixoto, em frente à escola Tiradentes, em algo organizado. Atitude simples. Alguém doou os galões, alguns transportaram, outros pintaram os letreiros e meio-fio. Tudo isso em menos de 6h. A população, funcionários e alunos têm menos uma preocupação.

É possível, não precisa de muito dinheiro. Basta o exemplo e coordenação. O homem de casa que diz Da Matta, eu quero para casar com minha filha, mas para governar a minha cidade, o homem da rua é mais indicado.