domingo, 24 de maio de 2020

Nossos generais são tão toscos como o capitão

 

    Se algo de positivo surge dessa crise grave à qual o Brasil atravessa, com o governo federal no papel de principal gerador de crise da República, foi a queda de alguns dogmas que povoam a cabeça de boa parte do povo brasileiro.

    O primeiro é perceber que o Jair Bolsonaro nunca acreditou na democracia, apesar de ter usado processo para chegar ao poder e ali permanecer por 28 anos, em algum tipo de mandato entre vereador e deputado.

    O segundo é o que nossas Forças Armadas teria se libertado da pecha de golpistas e se tornariam como garantidores constitucionais no  campo democrático. E que nossos generalato seriam compostos por profissionais altamente qualificados.

    O que se mostra é um grupo formado por generais que não têm ideia de como funciona o processo democrático. E isso ficou transparente com a divulgação de uma nota pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que considerava uma intromissão de um poder no outro, caso o ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, autorizasse a apreensão do celular do presidente e do filho dele, em consonância com pedido de um grupo composto por partidos da oposição.

    Na democracia, o que prevalece como nos mostra Montesquieu é o “Espírito das Leis.” Não será com ameaça. Sequer se deram o trabalho de consultar a Advocacia Geral Da União (AGU) para que tivesse a informação de que nesses casos ministros do STF é um mero despachante, a Procuradoria Geral da República é que daria o veredicto sobre o pedido.

     As Forças Armadas, principalmente o Exército, levaram 40 anos na tentativa de recuperar sua imagem pós-ditadura. Diferente do que muita gente imaginava o que se vê são generais idiotizados, deslumbrados com o poder a reboque de um tenente quase expulso por atos sindicais e que por muito tempo fora proibido de entrar nos quartéis.

    O que esses generais fará, com seus comportamentos omissos, de ignorância e de desrespeito à democracia e à Constituição será levar  o Brasil e as Armadas para um limbo onde não haverá mais contagem de tempo.

 

 


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