O pai da Carol

Menos de 24 horas após o novo recorde de morte pela Covid-19 no Brasil, 1.349, Jair Bolsonaro veta o repasse de 8,6 bilhões do fundo extinto, que seria usado para combater a doença em estados e municípios.

No Rio, no mesmo período de horas morreram 324 pessoas e o número total chegou a mais de 54 mil contaminados.

Afora o fato de rumores que, propositadamente, o Ministério da Saúde teria divulgado os números após o “Jornal Nacional” num claro efeito avestruz; e esquecendo-se que existe o noticioso no dia seguinte, o movimento continua.

O presidente, mais uma vez, no cercadinho do Planalto, mostrou a total falta de empatia “todos vão morrer”, disse. Mas esquece-se, por falta de caráter ou obtusidade ou os dois, de entender que a morte em tempo de pandemia nos iguala a qualquer animal. Ou seja, a diferença entre nós e os animais é o fato de chorarmos nossos mortos. Enlutar. Bolsonaro não se importa com a morte: dos outros!

Mas a humanidade e o amor insistem em prevalecer. E está tão perto de nós e tão presente que, às vezes, negligenciamos. Um post no Facebook com desabafo de um pai pedindo perdão à filha por não poder abraçá-la, como de costume, no dia do seu aniversário, por estar contaminado com o Coronavírus, deixou-nos devastados.

Se já não bastasse a onda contaminante de amor, a esposa e mãe da aniversariante fez a pequena confraternização na garagem, para que o pai mesmo a distância, devido ao confinamento, pudesse participar.

Pai, mãe, filha, todos. Um dia voltaremos a nos abraçar. Mesmo, e apesar, de gente desalmada. Sintam-se abraçados por mim e por toda minha família, por toda a cidade, por todo o estado, por todo o Brasil, por todo o mundo. Quem vai dizer que existe barreira para o amor?