segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Achem outro culpado, o jornalismo é inocente

Um dos melhores momentos para um jornalista, dos profissionais que mais morrem no mundo por conta da profissão, é quando suas reportagens se tornam tema de debates e discussão. George Orwell já dizia que: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que seja publicado. Todo resto é publicidade.” Em primeiro lugar, para quem não é do ramo, é preciso pontuar algumas coisas como, por exemplo, o nascer de uma reportagem. Os três caminhos mais usados são:

1) Buscas em banco de dados e relatórios, para encontrar contradição no que diz uma autoridade e o que de fato foi realizado. Custo de uma obra, por exemplo;

2) Pela observação de fenômenos ao redor, algo que vale a pena reportar mesmo que seja no dia a dia; e

3) As mais polêmicas, mas também imprescindível, que são as denúncias. Não à toa essa categoria foi deixada por último. Porque nesse caso exige interesses diversos. Quem denuncia algo espera determinado resultado, e ele se beneficiará de alguma forma.

A recente reportagem sobre o suposto nepotismo provavelmente partiu dessa terceira opção. Denúncia de alguém querendo se beneficiar. O produto pode não ter sido do “gosto do cliente”, mas como já disse o genial Millôr Fernandes: “jornalismo é oposição, o resto é bazar de secos e molhados.” Pode-se contestar seu conteúdo, caso haja inverdades quanto a moralidade. Cabe a prefeitura, que tem jurídico e assessoria de imprensa cobrar.


Como procedimento, a reportagem foi perfeita. Deu os dados (incorretos) segundo a prefeitura; que teve sua nota lida no “pé da matéria” pela apresentadora afirmando que, diferente do que disse o repórter, parentesco de quarto grau não se compreende nepotismo.

Não dá para fazer como na Grécia Antiga e matar o mensageiro toda vez que não gostar do que foi dito ou mostrado numa reportagem. Já morremos demais.

 


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