Claudio Costa Rosa
A
primeira vez em que fui a um estádio assistir a um jogo de perto foi em 1981,
levado por um irmão que me punha na cacunda para que eu pudesse me elevar à
barreira das placas de publicidade e assistir alguma coisa em campo da antiga
geral. Era uma partida pela Copa Libertadores. Salvo engano, Flamengo e Cerro
do Paraguai num jogo em que Zico e Baroninho comeram a bola. Flamengo 5x2.
Naquele ano o time seria campeão das Américas.
Maracanã
lotado. À esquerda das cabines de rádio e TV, um pequeno grupo de torcedores portenhos
em desvantagem no placar e em número, mas protegidos pela polícia, provocava a
massa, ensandecida com o belo futebol apresentado naquela noite. Imitavam
macacos.
É
assim que a população de boa parte dos países da América Latina nos trata.
Menos pela nossa aparência, mais pelo comportamento de nossas autoridades. Se
já não bastasse ser chamados de “macaquitos”, agora teremos de suportar mais
uma provocação: os pestilentos.
O
Brasil tem 32% da população da América Latina, com o total de mortes de 52%. Ou
seja, morre mais gente por aqui do que a soma de todos os outros países da
região.
O
presidente americano, Donald Trump, está preste a proibir a entrada dos
brasileiros “porque não quer que seu povo seja contaminado.” Errado não está.
Um recado vergonhoso para um país que faz questão de, irrefletidamente prestar
vassalagem, como se os Estados Unidos pudessem ser encarado como amigo de
primeira hora.
Trump
foi eleito com o lema de “América Primeiro” e nosso presidente tem como
exercício, prestar continência à bandeira americana. Ministros, filhos,
cachorros do presidente criticaram a China, produtora de 90% dos equipamentos
usados para combater o coronavírus, mas quem deu um passa moleque no Brasil
foram os “amigos americanos” ao segurar respiradores que salvariam muitas vidas
por aqui.
Nas
relações internacionais há idiossincrasias que reflete diretamente no respeito
entre os países. Seremos achincalhados por muito tempo, com um pouco de sorte
apenas nos estádios de futebol.
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