quinta-feira, 21 de maio de 2020

De macaquitos a pestilentos, aguentem os hermanos




Claudio Costa Rosa

A primeira vez em que fui a um estádio assistir a um jogo de perto foi em 1981, levado por um irmão que me punha na cacunda para que eu pudesse me elevar à barreira das placas de publicidade e assistir alguma coisa em campo da antiga geral. Era uma partida pela Copa Libertadores. Salvo engano, Flamengo e Cerro do Paraguai num jogo em que Zico e Baroninho comeram a bola. Flamengo 5x2. Naquele ano o time seria campeão das Américas.
Maracanã lotado. À esquerda das cabines de rádio e TV, um pequeno grupo de torcedores portenhos em desvantagem no placar e em número, mas protegidos pela polícia, provocava a massa, ensandecida com o belo futebol apresentado naquela noite. Imitavam macacos.

É assim que a população de boa parte dos países da América Latina nos trata. Menos pela nossa aparência, mais pelo comportamento de nossas autoridades. Se já não bastasse ser chamados de “macaquitos”, agora teremos de suportar mais uma provocação: os pestilentos.
O Brasil tem 32% da população da América Latina, com o total de mortes de 52%. Ou seja, morre mais gente por aqui do que a soma de todos os outros países da região.
O presidente americano, Donald Trump, está preste a proibir a entrada dos brasileiros “porque não quer que seu povo seja contaminado.” Errado não está. Um recado vergonhoso para um país que faz questão de, irrefletidamente prestar vassalagem, como se os Estados Unidos pudessem ser encarado como amigo de primeira hora.
Trump foi eleito com o lema de “América Primeiro” e nosso presidente tem como exercício, prestar continência à bandeira americana. Ministros, filhos, cachorros do presidente criticaram a China, produtora de 90% dos equipamentos usados para combater o coronavírus, mas quem deu um passa moleque no Brasil foram os “amigos americanos” ao segurar respiradores que salvariam muitas vidas por aqui.
Nas relações internacionais há idiossincrasias que reflete diretamente no respeito entre os países. Seremos achincalhados por muito tempo, com um pouco de sorte apenas nos estádios de futebol.
 











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