Francisco Carlos é um queimadense médio pagador de imposto, que se prepara o ano todo para comemorar a data que considera a mais importante para ele: o Natal. Momento de reunir a família em torno de uma mesa; alegrar-se com os netos ao abrir os presentes, o corre-corre das crianças, uma ceia farta.
Mas esse ano foi diferente, não que não tenha se preparado durante o ano para esse momento, é que a festa não fora completa este ano. Apesar de não ser um glutão, seu Chico sequer conseguiu se alimentar. Isso porque, há dois anos, sequer teve uma consulta com os dentistas do programa “Brasil Sorridente” aonde se tratava para remoção do tártaro. Em uma semana descobriu nada menos que três dentes comprometidos, diabético, precisa de especialista para tratá-lo.
“Sentia uma dormência na gengiva, nunca pensei que poderia
perder os dentes dessa forma. Todo o lado direito da minha boca parece estar
comprometido. É lamentável”, desabafou seu Chico, que agora não sabe a quem
recorrer.
De fato, a saúde bucal de Queimados é uma vergonha. O que
vem acontecendo com o Brasil Sorridente no município é desanimador. E pelo
jeito ninguém está se importando muito. Há dois anos que inventaram um defeito numa
cadeira. Falta de insumos. Falta de vergonha.
É constrangedor para os poucos funcionários que são
obrigados a inventarem desculpas estapafúrdias para o não reinício dos
tratamentos. Ninguém dá mínima. O prefeito age como avestruz, a secretária não
está nem aí com o sofrimento da população.
De fato, o que parece funcionar bem na cidade são os meios-fios
caiados, lâmpada de LED envolvendo árvores, passarelas de luzes. Talvez, quem
sabe, no próximo Natal, nossa administração além de luzes, traga também decência,
urgência e vergonha na cara para tratar seus munícipes como devem ser tratados:
com respeito, dignidade.
Seu Chico provavelmente gostaria de ser lembrado pelas
nossas autoridades quando eles, felizes, estiverem mastigando com toda força
aquele peru de natal. Também vai escrever ao papai Noel para o próximo ano,
quem sabe não traga um saco cheio de coisas como: competência, honestidade,
integridade...