quarta-feira, 10 de junho de 2020

O Midas do espelho

O reflexo no espelho transforma canhotos em destro e vice versa. Midas foi um rei contemplado por Hades com uma recompensa por ter abrigado um velho que criara o deus do submundo. Midas tinha direito a um desejo. Ele escolheu o que tocasse se transformasse em ouro, até sua filha ser transformada em estátua ao beijá-lo distraidamente. Pediu, Hades retirou o desejo.

Jair Bolsonaro se comporta como um reflexo de Midas. Transforma em porcaria tudo que o “toca.” O espírito mercurial que leva a conflitar com pessoas e instituições beira a insanidade.

Não importa qual o grau de ligação quando o assunto é deixar ex-companheiros pela estrada, basta apenas contrariar o núcleo ideológico cujo expoente é o ministro Weintraub, da educação. Aconteceu com ministros como Gustavo Bebiano, general Santos Cruz, Sérgio Moro. E não basta demitir, tem que destruir o suposto oponente. É um governo que lança cortina de fumaça a todo o momento para encobrir a clara incapacidade de governar para o povo. Ou alguém consegue esquecer as idas e vindas da Cloroquina nos momentos em que o governo estava nas cordas?

Com as instituições ele também não fage diferente. No meio ambiente foi uma catástrofe, com queimadas recordes das florestas, que lhe rendeu o nada elogioso apelido de “Bolsonero” no exterior. O Ministério da Saúde que em plena pandemia sequer conta com um titular na pasta. O Exército, que levou 40 para recuperar sua imagem, vem sendo chafurdado, graça a primorosa ambição de generais de pijama que só querem dobrar seus salários. Chama a Cloroquina. A polícia Federal se transformando numa polícia política, após a troca do diretor geral, com direito a previsões de “Mãe Zambelli.” Procuradoria Geral comandada por Aras, indicado pelo presidente fora da lista tríplice, não deixa ninguém confiante de que fará o que a lei o obriga?: investigar o presidente.

O STF decidindo que as investigações das “Fakes News” vão continuar. O Zero Um enroscado nas “rachadinhas” da Alerj. E o governo lança mais uma cortina de fumaça: reitores poderão ser escolhidos de forma temporária pelo governo, uma clara, até para eles, forma de uma violação à autonomia das Universidades federais.

O presidente sabe que a MP não vai passar no Congresso. Enquanto isso nosso Midas do espelho continua a transformar tudo que o toca em matéria que forma a sua essência.

 

 


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