O reflexo no espelho transforma canhotos em destro e
vice versa. Midas foi um rei contemplado por Hades com uma recompensa por ter
abrigado um velho que criara o deus do submundo. Midas tinha direito a um
desejo. Ele escolheu o que tocasse se transformasse em ouro, até sua filha ser
transformada em estátua ao beijá-lo distraidamente. Pediu, Hades retirou o
desejo.
Jair Bolsonaro se comporta como um reflexo de Midas. Transforma
em porcaria tudo que o “toca.” O espírito mercurial que leva a conflitar com
pessoas e instituições beira a insanidade.
Não importa qual o grau de ligação quando o assunto é
deixar ex-companheiros pela estrada, basta apenas contrariar o núcleo
ideológico cujo expoente é o ministro Weintraub, da educação. Aconteceu com
ministros como Gustavo Bebiano, general Santos Cruz, Sérgio Moro. E não basta
demitir, tem que destruir o suposto oponente. É um governo que lança cortina de
fumaça a todo o momento para encobrir a clara incapacidade de governar para o
povo. Ou alguém consegue esquecer as idas e vindas da Cloroquina nos momentos
em que o governo estava nas cordas?
Com as instituições ele também não fage diferente. No meio
ambiente foi uma catástrofe, com queimadas recordes das florestas, que lhe
rendeu o nada elogioso apelido de “Bolsonero” no exterior. O Ministério da
Saúde que em plena pandemia sequer conta com um titular na pasta. O Exército,
que levou 40 para recuperar sua imagem, vem sendo chafurdado, graça a
primorosa ambição de generais de pijama que só querem dobrar seus salários. Chama
a Cloroquina. A polícia Federal se transformando numa polícia política, após a
troca do diretor geral, com direito a previsões de “Mãe Zambelli.” Procuradoria
Geral comandada por Aras, indicado pelo presidente fora da lista tríplice, não
deixa ninguém confiante de que fará o que a lei o obriga?: investigar o
presidente.
O STF decidindo que as investigações das “Fakes News” vão
continuar. O Zero Um enroscado nas “rachadinhas” da Alerj. E o governo lança
mais uma cortina de fumaça: reitores poderão ser escolhidos de forma temporária
pelo governo, uma clara, até para eles, forma de uma violação à autonomia das
Universidades federais.
O presidente sabe que a MP não vai passar no Congresso.
Enquanto isso nosso Midas do espelho continua a transformar tudo que o toca em matéria
que forma a sua essência.
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