segunda-feira, 25 de maio de 2020

O patrimonialismo como raiz de todo mal




Claudio Costa Rosa

 Há muito, o assunto patrimonialismo como origem do subdesenvolvimento do Brasil vem sendo posto em debate. E isso perpassa por séculos. Apenas mudam-se os métodos. O que era voltado para propriedade de terras de reis, imperadores e Igreja deu lugar à escravidão e agora se transformou em funcionários públicos que se servem do Estado, em todos os níveis, para continuar a perpetuação.

Há duas semanas, um artigo intitulado “O patrimonialismo desnudo” clique aqui expôs a forma entendida pelo jurista Raimundo Faoro. Já neste, como Max Weber enxergava o patrimonialismo: “forma de dominação tradicional em que o soberano organiza o poder de forma semelhante ao seu poder doméstico.”

Usa-se o Estado como um puxadinho de casa, clara confusão entre o público e o privado. O patrimonialismo está tão internalizado no meio da sociedade que é difícil perceber. O presidente usa

helicóptero da Força Aérea Brasileira para sobrevoar uma manifestação, generais que dobram os salários com a “boquinha” no governo; ou o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, ao reabrir (justiça suspendeu) o comércio da cidade como se fosse o parquinho do quintal dele, sendo que quando se contaminou foi internado num dos hospitais mais caros do Rio, mas não em Caxias: tem plano de saúde pago com dinheiro da prefeitura: o pobre que se lasque.

No Diário Oficial de Queimados, logo na capa, a aberração final que confirma o estado patrimonialista que toma conta do país: quando uma Secretaria de Cultura é passada de pai para filho como se fosse um bem herdado de família. O antigo secretário, Marcelo Lessa, é substituído pelo próprio filho, Patrick dos Santos Lessa, numa clara demonstração de interesses talvez para que algo não saia do âmbito familiar, enquanto se disputa uma eleição.

Aos poucos, nossos os homens públicos do Brasil vão ladrilhando o próprio caminho para insignificância, oportunismo e o ocaso.

 


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