“Minhas noites são intermináveis, não há remédio que alivie completamente a dor, o tártaro machucou toda minha boca”, o relato é do vendedor João da Silva*, de 53 anos, diabético crônico, morador do São Roque, mas que poderia ser de uma das centenas de pacientes que tiveram seus tratamentos interrompidos porque a Secretaria de Saúde de Queimados, por descaso ou incompetência, não consegue programar o conserto de uma cadeira odontológica do Centro de Especialidade Odontológica (CEO), que funciona no galpão que abriga a sede da Secretaria.
Ter direito a saúde
de qualidade é ou deveria ser direito de todo o cidadão de acordo com a
Constituição. No entanto, no que depender da Secretaria de Saúde, João e muitos
outros continuarão com suas dores intermináveis, porque o município não está
nem ligado para eles. Muitos precisando de periodontia especializada.
Dos 13 municípios que compõe a Baixada Fluminense, dez fazem
parte do programa federal. Desses dez, apenas Queimados encontra-se com o
tratamento interrompido. O município é credenciado desde outubro de 2016. Sem
nunca ter sido interrompido por tão longo período.
Para a dona de casa Lurdes Siqueira, 33 anos também
diabética, o CEO é a única forma de conseguir fazer o tratamento: “eu não tenho
dinheiro para o tratamento, quem vem fazer tratamento aqui são as pessoas com
risco maior, do contrário, iriam para os postos de saúdes.” Desabafa Lurdes.
A reportagem ouviu funcionários da Secretaria, que afirmaram
que não apenas no CEO os tratamentos estão suspensos, mas também nos postos de
saúde. Pode-se entender que a interrupção não seja, portanto, o prosaico motivo
de uma cadeira odontológica quebrada.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde,
que ainda não respondeu ao blog. O espaço continua aberto.
*O personagem preferiu não se identificar
Nenhum comentário:
Postar um comentário