sábado, 23 de maio de 2020

Brasil: terra de ninguém


Não sei qual nome se dá ao fenômeno comportamental que a partir de certo momento ignoramos aspectos externos que antes nos moldavam. Vale para as câmeras das ruas ou as de reality show. Por esquecerem que estão sendo filmados falam barbaridades. Em 1932, Aldous Huxley no distópico “Admirável Mundo Novo”, Já falava em seres humanos pré-condicionados.  Por esquecermos que estamos sendo vigiados durante todo o tempo, nosso comportamento se torna público até o que deveria, ou gostaríamos que ficasse no privado. É o efeito colateral da sociedade da informação. E, às vezes, nos assustamos quando somos pegos em atos que podem ser usados contra nós.
A reunião de Bolsonaro com seus ministros, que teve o sigilo levantado por Celso de Mello, foi gravada por ordem do presidente. Talvez como material para publicidade, porque naquele momento, o Brasil contava com pouco mais de 2 mil mortos (hoje passamos dos 20 mil), um recém-chegado ministro saúde e uma Polícia Federal e o ministro Alexandre de Morais chegando perto dos filhos do presidente.

Claramente Jair Bolsonaro sofre de problema cognitivo grave. E parece a cada dia mais destrambelhado, quanto mais cresce as acusações contra ele e seus filhos.
Foi uma reunião de cobrança de defesa dele e de seu governo. Fora a vassalagem, palavrões e constrangimentos o que se viu foi um presidente acuado que oferece elementos de provas contra si.
A impressão que passa, por ser tão desconecto nos assuntos, é que quando lembrava que a reunião estava sendo filmada incorporava o Bolsonaro paz e amor. Quando esquecia soltava seus xingamentos como se fosse vírgula e confirmava a intenção de interferir na PF, armar as pessoas para que pudesse sair de casa e enfrentar prefeitos e governadores ou ter o próprio sistema de inteligência com um cabo, um sargento e um militar reformado da fronteira num claro crime contra a segurança nacional.
Jair Bolsonaro se mostra como o principal inimigo de si mesmo, como um Quixote a combater moinhos e a deixar rastro de crime como pó de vaga-lumes numa noite escura.










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