sábado, 24 de abril de 2021

Censo adiado: o retrato de um governo perdido

 Pela primeira vez em 80 anos, pesquisa nacional corre sério risco

Pela primeira vez desde 1940 o Brasil não se reconhecerá através do Censo Demográfico, o motivo é mais um adiamento, o segundo já que deveria ter ocorrido em 2020, mas devido à pandemia fora adiado para 2021.

 Realizado a cada 10 anos, no entanto, para este ano, a Lei Orçamentária foi sancionada sem o repasse de 2 bilhões originalmente destinado à realização do Censo.

O anúncio foi feito nessa sexta (23) pelo secretário especial de fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.

“O Orçamento 2021 não traz recursos para a realização do Censo Demográfico e que, portanto, será adiado” concluiu.

A contagem da população acontece desde 1872 e tinha o pomposo nome de “Recenseamento da População do Império do Brasil.” A partir de 1940, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assumiu a responsabilidade de, não apenas cotar a população, mas trazer dados para a criação de políticas públicas, como ensina o geógrafo e pesquisador Péricles Gomes.

“O Censo Demográfico é uma das principais ferramentas para elaborar programas que atendam a população como um todo. Sem esse norte, que o Censo oferece, é muito difícil reconhecer as demandas do país como tratamento de esgoto, saúde e educação. O Censo não é apenas para contar o número de brasileiros, mas principalmente apontar soluções aos governos”, explica o professor.

Esse seria o nono Censo realizado pelo IBGE.  Para quem está desempregado é um balde de água fria, milhares de vagas seriam abertas e o Instituto já tinha publicado o edital.

Desempregada há mais de um ano, a balconista Rita de Cássia Mello, 39 anos, vinha se preparando para a prova de recenseadora e se diz arrasada.

“Deixei de procurar emprego na esperança de passar nesse concurso, mesmo temporário me daria um fôlego para recomeçar. É tudo muito triste. Temos um governante irresponsável”, desabafa.

Com um número de desempregado ultrapassando os 14 milhões, o Censo poderia servir como políticas públicas para implantar, corrigir ou mesmo redirecionar programas que não estão dando certo. Mas fica evidente que um governante negacionista não vai gostar do retrato que um Censo Nacional poderia mostrar.

Um comentário:

  1. Fico com o desabafo da balconista Rita (TEMOS UM GOVERNANTE IRRESPONSAVEL) essá é nossa realidade infelizmente.

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