Um clássico da literatura publicado em 1958, o romance “O Gattopardo” traduzido como “O Leopardo” é considerado obra-prima do autor italiano Tomasi di Lampedusa. O livro é a demonstração que a vida e arte se encontram a cada esquina. Impossível não lançar mão de tão atual obra no xadrez político que se desenha pelo estado do Rio.
A saída do deputado Marcelo Freixo, por exemplo, era esperada há algum tempo. Demorou. A gota d’água parece ter sido a reação negativa do partido à doação de empresário ao candidato a vereador por Caxias, Wesley Teixeira. À época, o candidato recebeu R$78 mil para sua campanha de personalidades como Armínio Fraga, Beatriz Bracher, herdeira do Banco Itaú e João Moreira Salles. Correntes do PSOL disseram que essas doações feririam o estatuto do partido.
Mas isso talvez não seja o motivo principal da troca
partidária. O que está em jogo é a possibilidade de a esquerda governar um
estado alquebrado por diversas administrações; tem um governador alinhado ao
que há de mais atrasado no mundo, que se recusa a responder perguntas sobre um
crime bárbaro, como o do menino Henry Borel, a vereadores que investigam o
agora preso, mas vereador, doutor Jairinho, que em algum momento fez uma
ligação telefônica para o governador Claudio Castro.
Freixo não tinha chance de ser governador pelo PSOL, não
porque o partido seja sectário a coligações formal. Nas sombras, continua
gravitando na órbita do PT. Mas porque o PSOL é considerado partido da elite,
que não suja os pés na Zona Oeste pobre (Barra é outro mundo) haja vista que
derrotas sempre vieram de locais mais esquecidos, e as vitórias da Zona Sul.
A literatura, neste caso, se encontra com a política
quando Freixo decide-se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Por que
não ao PT, já que tem tanta afinidade? Afinal o ex-presidente Lula esteve aqui no
Rio para prestigiá-lo. A realidade é que
o PT no estado é fraco. Sempre foi. O melhor seria um partido mais palatável. Aí
está a frase emblemática de Lampedusa “Se queremos que tudo continue como está,
é preciso que tudo mude.”
A impressão é que a filiação de Freixo foi de “mentirinha”,
uma jogada na busca do Palácio Laranjeiras das duas principais lideranças da esquerda no estado, já que Molon é
conhecido como um bom articulador. De quebra, prepara palanque para a possível
volta de um desgastado Lula ao poder. No mais: viva Lampedusa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário