quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Chuva não mata, não desabriga. Irresponsabilidade, sim


A natureza de tempos em tempos nos coloca, todos nós animais, no devido lugar. A lição é doída. O chicote é longo. O aprendizado por nossa parte parece ser lento. Talvez pela inepta percepção de que nós é que a preservamos quando na verdade é ela que nos suporta: até quando?

Passados sete anos da maior catástrofe, cuja origem fora a inapetência dos administradores à época, mais uma vez o município fica à mercê da indiferença. E outra vez tem de ouvir autoridades culparem a boa e velha natureza.

Para eles, a vilã responsável pelas tragédias que se repetem dia após dias toda vez que chove um pouco mais forte é...pasmem, a própria chuva. Como se desde os primeiros tempos da nossa civilização, a Bíblia já falava de Noé e o dilúvio, fenômenos como esses não acontecessem.

Especialista no assunto, o professor geógrafo e climatologista Péricles Gomes, publicou estudo a respeito desses fenômenos. É claro que também apontou o aquecimento global como um dos responsáveis por climas extremos. Mas principalmente, demonstrou que a falta de compromisso das autoridades está diretamente ligado às tragédias. O estudo sobre microclima, em que pesquisou parte do principal rio da Cidade, o Abel, concluiu que aonde as matas ciliares estavam preservadas não aconteciam assoreamentos. Estudos importantes como esses foram ignorados por nossos administradores.

Ademais a credibilidade das autoridades, diferentemente das águas, vão para o ralo. Moradores e empresários deveriam processar a prefeitura por danos materiais e morais. Qual empresário quererá investir numa cidade que não oferece o mínimo de infraestrutura? Ou que não dá garantia aos munícipes de que vai encontrar sua casa de pé quando retornar do trabalho. Alguém colocaria seus investimentos num negócio que literalmente poderá ir por água abaixo?

São perguntas que necessitam de respostas. Não dá culpar a natureza. Temos de fazer com as estações de esgoto de fato funcionem.

Fica aí uma dica para o novo prefeito, Glauco Kaizer, conserte a infraestrutura da cidade. Mais empresas virão. Menos pessoas perderão suas vidas e suas casas.

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