Ao assistirmos as cenas de violência contra
crianças em países como Afeganistão, Síria, Sudão a indignação dura exatamente
apenas o momento de um zap no controle remoto.
No entanto, nos últimos anos, já dá para colocar o Rio
de Janeiro como um dos lugares mais perigosos para se viver à infância. A
mazela é nacional, diferindo apenas de como os pequenos são vítimas.
Apenas em 2020, 12 crianças foram baleadas. Se isso não for número de guerra a exterminar as crianças deem outro nome.
Infelizmente, o ano de 2021 não começou diferente. Já temos uma criança morta e outra baleada. A narrativa, de acordo com populares e testemunhas, operações dentro de favelas. Ações essas proibidas, no período de pandemia, pelo ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal, mas que pelo jeito ninguém obedece.
Neste momento temos três crianças desaparecidas: Lucas
Matheus, 8 anos, Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique, de 11. Elas
saíram de casa na manhã do dia 27 de dezembro. A polícia atônita não consegue
responder às demandas de familiares quem dão plantão diuturnamente à porta da
delegacia.
Quando de episódios assim é que se materializa o grau
de deterioração da nossa segurança pública. Falta de recursos, treinamentos,
equipamentos ultrapassados. Somos das polícias os que menos desvendam crimes.
Segundo o pesquisador sobre violência Julio Jacobo que reuniu informações
individuais de cada estado e aponta uma média entre 4% e 5% de casos
resolvidos. Contra 80% da França, 65% dos Estados Unidos. A certeza da
impunidade gera violência.
À primeira vista pode se pensar que a inércia da
polícia seja porque as crianças são da Baixada, e que se fosse da Zona Sul
teria maior empenho. Mas a questão é que nossa segurança pública está mais para
insegurança. Como cobrar desvendamento de uma polícia que consegue resolver apenas esse pífio porcentual de 5%?
O Brasil é um país estranho, não consegue defender sua natureza, seus
adultos, sua fauna. Agora sequer querem permitir que seus filhos cresçam.
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